segunda-feira, 22 de novembro de 2010

PAUAPIXUNA

( Paulo André e Ruy Barata )

Uma cantiga de amor se mexendo,
uma tapuia no porto a cantar,
um pedacinho de lua nascendo
uma cachaça de papo pru ar.
Um não sei que de saudade doendo,
uma saudade sem tempo ou lugar,
uma saudade querendo, querendo,
querendo ir e querendo ficar.

Uma leira, uma esteira,
uma beira de rio,
um cavalo no pasto,
uma égua no cio,
um princípio, de noite,
um caminho vazio,
uma leira, uma esteira,
uma beira de rio.
E no silêncio uma folha caída,
uma batida de remo a passar,
um candeeiro de manga comprida,
um cheiro bom de peixada no ar.
Uma pimenta no prato espremida,
outra lambadadepois do jantar,
uma viola de corda curtida,
nesta sofrida sofrência de amar.

E o vento espalhado na capoeira,
a lua na cuia do bamburral,
a vaca mugindo lá na porteira,
e o macho fungando lá no curral.
O tempo tem tempo de tempo ser,
o tempo tem tempo de tempo dar,
ao tempo da noite que vai correr,
o tempo do dia que vai chegar.


(Gravado por Fafá de Belém, em disco Polygran; Paulo André Barata, em disco Continental; e Leila Pinheiro em disco promocional da Engeplan)

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